quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Destruição do transporte compartilhado, artigo da escritora MILLY LACOMBE, publicado na Folha

O Uber é a cara do capitalismo contemporâneo: socializa o risco e privatiza o lucro, puxando salários para baixo e driblando regulações do Estado
Devo começar este artigo deixando claro ao leitor que meus conhecimentos de economia se resumem a "comprou por 10, vendeu por 5, ficou com 5", e nem calcular os impostos sobre a venda eu sei. Com esse detalhe esclarecido, vou explicar por que sou contra o Uber –ou qualquer outro desses modernos serviços de transporte compartilhado.
O Uber está praticamente livre de intervenções do Estado e entregue às leis de mercado, idolatradas por tantos e beatificadas por estarem à disposição do suposto balanço natural dos ventos que regulam oferta e procura sem interferência.
Isso significa dizer que se numa sexta-feira à tarde qualquer o céu desabar sobre nossas cabeças em São Paulo ou qualquer outra megalópole, e muitas pessoas, precisando se locomover em segurança, optarem por um automóvel em vez de ônibus ou metrô, a procura por carros de transporte compartilhado, sejam táxis ou Uber, aumentará.
Nessa hora, embalado pelas ondas da liberdade da oferta e da procura de um mercado não regulado pelo governo, o Uber subirá o preço da tarifa. Quem, em um cenário como esse, poderá andar de Uber? Os que têm mais dinheiro.
Já em relação aos táxis, todo mundo, seja mais ou menos endinheirado, terá a mesma chance em casos tempestade, ciclone ou tufões porque a tarifa é uma só, regulada pelo governo, que também regula a segurança do carro –e isso inclui a segurança do e para o usuário–, além dos direitos do motorista.
Esse é o livre ritmo das ondas do mercado sem intervenção federal: ele beneficia os mais ricos. Em relação ao trabalhador, a situação não é menos estranha. Sem regulação, um funcionário de transporte compartilhado –chamado de "sócio" pelo Uber– fica totalmente desprotegido das leis trabalhistas.
Como "sócio" ele tem que investir em carro, seguro, combustível e manutenção do automóvel, ganhando uma comissão que muda ao prazer da gerência e que, segundo testemunho de motoristas, baixa corriqueiramente. Diante disso, o tal sócio se vê abandonado.
Motoristas do Uber já pararam e protestaram algumas vezes em Los Angeles, São Francisco, Seattle e Londres. O que eles pedem? Salário decente, respeito da empresa e melhor comunicação com a gerência.
Basta dar um Google para encontrar muitas histórias de motoristas na Califórnia que dizem precisar trabalhar 17 horas por dia para ganhar o mínimo. Como já investiram no carro para serem "sócios" do negócio, não podem abrir mão do emprego porque têm dívidas a pagar.
No Reino Unido, motoristas do Uber entraram com ação contra a empresa por maus-tratos, e na Filadélfia uma repórter do jornal "Philadelphia Citypaper" foi trabalhar para o Uber para descobrir se um sócio ganhava os U$ 90 mil por ano (quase R$ 320 mil) que a empresa dizia ser possível de ganhar. Ela concluiu que faria esse montante de dinheiro se trabalhasse 27 horas por dia durante 365 dias seguidos.
O Uber tem a cara do capitalismo contemporâneo, ou da celebrada "economia compartilhada", essa que socializa o risco e privatiza o lucro eliminando proteções trabalhistas, puxando salários para baixo e driblando regulações federais.
MILLY LACOMBE, 48, escritora, é autora de cinco livros, entre eles "Tudo É Só Isso" (ed. Benvirá). É colunista da revista "Tpm" e assina com Marcelo Bernardes o blog Baixo Manhattan no site da Folha

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Uber é acusado de contratar assassinos e ladrões nos EUA

“Uber é acusado de contratar assassinos e ladrões nos EUA”, a acusação e alerta para os cidadãos de bem do mundo inteiro, inclusive do Brasil, está estampada com todas as letras no site da prestigiosa revista Exame. Que, muito provavelmente, tem entre seus leitores, executivos que usam inadvertidamente o Uber, apesar dos alertas dos taxistas legalizados de se tratar um aplicativo que afronta as leis dos países e cidades em que opera, para ilegalmente transferir a renda dos taxistas para seus cofres.
A Revista Exame alerta seus leitores: “O aplicativo mais polêmico do momento, o Uber, terá que se explicar mais uma vez para seus usuários. A empresa contratou 25 motoristas com antecedentes criminais – incluindo abuso sexual de crianças, assalto e assassinato – para circular pelas ruas de São Francisco e Los Angeles, na Califórnia.
A queixa foi apresentada pelo gabinete do procurador distrital de São Francisco. “Muitas das informações que o Uber apresentou aos consumidores são falsas e enganosas”, disse George Gascón, procurador distrital de São Francisco, em uma conferência, segundo informações do site SF Gate.
A Abracomtaxi defende a tolerância zero com toda e qualquer ilegalidade. Quem afronta as leis indiscriminadamente, merece toda a atenção das autoridades constituídas, para a proteção dos cidadãos que são ou serão as vítimas preferenciais de aplicativos como o Uber.
“Isso prova, mais uma vez, que o controle de um sistema de transporte não pode ficar a cargo de uma empresa privada. Quem deve gerir, regulamentar e fiscalizar o setor é o Estado”, afirma Edmilson Americano, presidente da Abracomtaxi.
“Trata-se de uma questão de segurança. A ganância de empresários inescrupulosos que não respeitam as leis gera situações como essa. Essas pessoas não estão preocupadas com demanda ou segurança. Estão apenas preocupados, isso sim, com o próprio bolso e os lucros que estão obtendo em diversos países, inclusive no Brasil”, completa.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Canal Futura dá aula de jornalismo e cidadania ao debater Uber versus Taxistas

O Canal Futura promoveu o debate “Uber X Taxistas: tecnologia e mobilidade urbana”, no dia 11/8, às 21 horas.
Participaram do debate Edmilson Americano, representando a Abracomtaxi e Marília Maciel, gestora do Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas. Teve como debatedor o jornalista José Brito Cunha. O Uber foi convidado mas não enviou representante. Alegou problemas de agenda.
Edmilson Americano teve todas as oportunidades para se manifestar e apresentar o ponto de vista dos taxistas legalizados. 
Elogiou a oportunidade oferecida pelo Canal Futura por “permitir aos telespectadores ter uma visão neutra em relação à polêmica que o aplicativo gera”.
A seguir a íntegra da entrevista. Acompanhe as manifestações de Edmilson Americano, que sintetiza o ponto de vista das principais lideranças de taxistas do Brasil. 
O presidente da Abracomtaxi aproveitou para destacar que a categoria deve manter o bom senso, mesmo diante das distorções no noticiário, que deixam de lado, por exemplo, o fato de um motorista do Uber ter sacado uma arma para ameaçar taxistas.

Acompanhe, a seguir, o debate. E o divulgue em suas redes sociais.   

Caso não abra no seu computador, copie o link a seguir e coloque no seu browser: https://www.youtube.com/watch?v=UeT3yG48wwA